Infelizmente o tema desta postagem é o título da redação de final de ano de uma das crianças que atendo, e como já era um assunto que eu pensava em tratar no blog, essa redação serviu de "impulso" para que eu decidisse expor minha opinião aqui.
Quem é da área e gosta do que faz, sabe que trabalhar com criança é prazeroso. Elas têm sempre algo de valioso a nos ensinar, e um desses ensinamentos é a sinceridade. Para as crianças não existe o meio termo nem o disfarce; ou elas vão demonstrar o que estão sentindo ou vão falar sem nenhum constrangimento.
Na redação, cujo tema foi "O que mais me marcou na escola", a criança diz que nada lhe marcou, pois "a escola é chata, péssima, os professores ficavam conversando na porta, e eles (os alunos) recebendo broncas 'fortes'" . E finaliza o texto com "essa escola é horrível, eu não tenho medo de falar".
Não foram raros os momentos que me vi frustrada e desacreditada nas instituições de ensino, que, ao invés de darem as "mãos" à família e aos (às) terapeutas reforçando a interação necessária para que a criança sinta-se acolhida, resolvem fazer o caminho inverso, ignorando as dificuldades do educando, seus anseios e medos, tornando-se um fardo na sua vida emocional. Como convencer uma escola a cumprir seu papel quando a mesma deveria ter plena consciência dos seus deveres, mas ignora?
O desabafo da criança na redação reforçou o meu sentimento de pesar em relação a essas escolas, por me lembrar da luta diária que às vezes precisamos travar com elas para que percebam que estão lidando com pessoas, e não com meros sujeitos que estão ali somente para preencher uma vaga e reproduzir o que está no quadro. Para que percebam também que são responsáveis pela vida desses alunos e que podem contribuir para o seu futuro de sucesso, mas também de fracasso.
Desejo profundamente que nas próximas redações dessa e de tantas outras crianças elas possam dizer o quão felizes se sentem dentro do ambiente escolar.
Muito bom. Quando a criança diz que "nada a marcou" na escola percebemos um "feedback" deste educando (e provavelmente outros pensem muito parecido) para que a escola e os professores revejam algumas posturas. É um desenho com uma mensagem muito forte que poderia engendrar algumas mudanças na escola - desde que ela estivesse disposta a isso, é claro.
ResponderExcluirTodos sabemos do "excesso de missões" que a escola atualmente abraça ( muitas vezes sem condições) e todos os seus problemas, mas a instituição (pública ou privada) não pode desprezar o que os alunos pensam sobre ela.
Que as próximas redações demonstrem que as crianças foram bem acolhidas no ambiente escolar. E que a interação escola/família/terapeuta seja fortalecida e não fique apenas no discurso.
Concordo com tudo que você disse. Nós sabemos que são várias as causas que justificam a precariedade do ensino hoje, porém acredito que falta vontade e disposição de algumas escolas para sair da zona de conforto. É mais fácil culpar o aluno do que assumir que precisa de mudanças...
ResponderExcluirEmbora saiba que para nós, professores, nem tudo é fácil e que temos também do que "nos queixar" em relação à educação atualmente, concordo com a Aline. Falta certa vontade e disposição sim para sair da zona de conforto e "lamúrias", e por isso é mais fácil culpar o aluno, a sociedade, o governo...
ResponderExcluirVerdade, Maria. Tem a tal da disposição para sair da zona de conforto, mas também acredito que os professores muitas vezes são tão vítimas do sistema quanto os alunos.
Excluir