Transformar as práticas escolares em experiências gratificantes é um grande desafio. Convivemos com um modelo de ensino que tende a valorizar um desempenho acadêmico considerado ideal e o que os pequenos precisam é de espaço para protagonizar a história e não apenas reproduzi-la. Nessa dinâmica onde os valores principais são incentivar a responsabilidade e autonomia, favorecendo o hábito de estudar, é possível criar soluções para um desenvolvimento completo e mais construtivo em vez de promover um mero treinamento cognitivo.
O ponto fundamental nesse contexto é identificar se a criança estabelece uma relação de prazer com os estudos e trabalhar no sentido de restaurar esse vínculo caso ele não seja positivo. Os pais devem mostrar interesse pelo compromisso de seu filho com as tarefas e pelas dificuldades que encontra para realiza-las. A expressão de apoio poderá confortá-los e a valorização do esforço ensinará que a persistência deve ser cultivada para se alcançar os resultados.
É importante que os pais sejam participativos e tenham uma atitude positiva em relação às práticas escolares, pois certamente as crianças terão esse mesmo comportamento.
Algumas dicas para auxílio no dia a dia:
• Criar um ambiente estimulante para ajudar a criança a fazer associações agradáveis com os estudos. Ideias simples podem deixar essa vivência mais divertida e fazer a diferença: uma boneca ou boneco sentando junto para estudar, um pequeno descanso fazendo exercícios com as mãos e cantando uma musiquinha, uma caixinha surpresa que poderá ser aberta quando o trabalho terminar, um cartaz ou quadro onde possam ser coladas estrelinhas quando algo for aprendido e setas vermelhas com anotações sobre as dificuldades que precisam ser trabalhadas.
• Tentar associações com temas da realidade atual da criança para que ela veja sentido
no que está aprendendo. Buscar exemplos práticos.
• Estimular as paixões naturais da criança para que ela tenha alegria em aprender. Fazer associações envolvendo o que a criança gosta para ativar boas sensações.
• Criar uma rotina (disciplina) e um cantinho para fazer a lição, isso ajuda na concentração e organização. Barulhos em excesso devem ser evitados.
• Perceber o limite da criança e não forçar se ela estiver esgotada, após um descanso as tarefas poderão ser retomadas. Isso está diretamente relacionado à ideia de não criar
um vínculo negativo com a aprendizagem.
• Não demonstrar preocupação com as notas apenas, mas sim com o aprendizado, o desenvolvimento da criança.
• Respeitar as produções da criança, procurando orientá-la sem tirar a credibilidade daquilo que foi feito por ela para não inibir o aprendizado.
• Deixar livros em locais de fácil acesso para estimular o hábito de leitura.
• Ter cuidado para que não haja mais cobrança que incentivo. Pressões e críticas do tipo “você não sabe nada”, "você não presta atenção”, “você é muito lento” mexem com a autoestima da criança e só colaboram para que as associações com a escola sejam negativas.
• Evitar as comparações da criança com irmãos e colegas.
• Observar o modo como a criança se comporta durante os afazeres e detectar os métodos que utiliza com maior frequência a fim de seguir suas preferências e facilitar a recepção e processamento dos conteúdos: se ela é mais ativa ou reflexiva, mais verbal ou visual, mais genérica ou analítica. Como ela aprende (vendo, ouvindo, executando), o que distrai sua atenção (estímulos auditivos, visuais), como processa as informações (pensamento rápido, moderado, lento), como interage com o ambiente (maior ou menor atenção ao que ocorre a sua volta), como se organiza (globais, detalhistas, criativos).
A partir dessas sugestões é possível criar meios para que os momentos de estudo sejam produtivos e prazerosos, lembrando que o objetivo é apoiar a criança e não impedir sua independência nos estudos. O importante é que os pais participem e mostrem que valorizam a educação. Acrescento a esse “pacote” uma atenção especial ao fato de que a aprendizagem se dá de forma particular em cada indivíduo e por isso é importante perceber e respeitar o estilo de cada um.
Por: Sandra R. Lorandi
Link de pesquisa: http://www.abpp.com.br/artigos/137.pdf
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